Guia Kenzo Definitivo

Guia Kenzo para Roteiros

 Roteiro é por definição um guia que alguém vai seguir para alcançar alguma coisa.
 Falarei aqui a respeito de roteiros de hq/mangá. Pela definição, seria um guia para você montar seu guia para o desenhista entender o que imaginou para uma hq/mangá. E diferente do que imagino que imaginaram, eles também podem ser escritos na forma de textos convencionais (na real eu até prefiro dessa maneira, é mais fácil de ler e dá mais liberdade de criação aos desenhistas, que geralmente entendem bem mais dos detalhes que não colocamos para enxugar o texto que os roteiristas). Darei dicas para criação de ideias, maneiras de escrever, modos de pensar, etc.

Quem sou eu para querer ensinar algo?
 Ninguém... isso mesmo, ninguém. Não possuo formação nenhuma na área, apenas gosto dela e tenho o costume de matutar sobre. Por esse motivo e vários outros que não precisam ser citados, tome o que falar aqui como ajuda as suas próprias matutações e não como regras/leis obrigatórias.

 Antes de prosseguir, recomendo que dê uma espiada nos temas dos anexos, só os títulos mesmo. Estou fazendo isso sem muito planejamento e sou um bagunceiro por natureza, então é possível que nos anexos tenham materiais que ajudem nas etapas que eu colocar aqui.

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Antes de criar
 Sim, criar não é o primeiro passo, antes dele é interessante se preparar e montar um plano.

Teoria
 É sempre recomendável estudar a área se pretende seguir profissionalmente nela. No caso de roteiros não acredito que seja o caso de pagar um curso logo de cara, pois o mercado é escasso e é possível fazer um material de qualidade se apenas se dedicar e manter o dinheiro no bolso.
 A medida que for evoluindo, se sentir que tem um futuro profissional o esperando e tenha disposição física e financeira de fazer um curso, mete bronca djow!

Autoconhecimento
 Conheça-te a ti mesmo... só estou tentando parecer mais inteligente do que não sou com essa frase... mas é um passo importante.
 Encontre o melhor horário, locação e posição para pensar e escrever, faça desse lugar seu lugar feliz. Forçar a barra pode até funcionar, mas não vai funciona tão bem quanto encontrar esses pontos.
 Encontre seus gostos também. É importante gostar do que criar e é mais fácil criar encima do que gosta. Forçar aqui também pode dar certo, mas isso pode quebrar o prazer de escrever, tornando o ato de escrever uma coisa chata... e não sei quanto a você, mas gosto de me divertir quando me proponho a fazer algo propositalmente (é divertido ganhar dinheiro, logo fazer algo fora de seu gosto por motivos profissionais é válido).
 Encontre seus limites e limitações. Criar é complicado, logo se prepare para frustrações. E no caso de ter prazos, busque fazer o que é pedido o quanto antes, não dá para calcular com exatidão quanto tempo levará para criar, fora que a folga é melhor aproveitada depois do serviço feito. Quanto a limitações, pense em “quando poderei escrever” e “quanto conseguirei lembrar”. Se você não pode/deseja passar muito tempo em um computador escrevendo, estude o caso de escrever em um caderno, é mais complicado, mas dá certo também. E se você não pode usar o computador com frequência, estude o caso de andar sempre preparado para fazer anotações, não dá para prever se nem quando as ideias surgirão... e rapaz é frustrante esquecer de uma boa ideia, o que infelizmente acontece a menos que anote ou fique pensando nela, o que compromete a concentração para fazer outras coisas.

Referencias
 É interessante ter referencias para se guiar e buscar inspiração. Ler bastante, assistir bastante televisão ou pelo computador mesmo (não só animes e desenhos, tudo) é sempre uma boa pedida. Tente analisar os truques usados pelos roteiristas do que ler/assistir, por exemplo como ele faz para progredir na história, o que ele usa para prender o leitor, onde/como ele coloca piadas, etc.
 Tome cuidado com plágios, é bom ter referencias, mas tem que saber usar. Cuidado também com os vícios. Muitas vezes seus projetos terão sempre a mesma cara por causa disso (possui sempre semelhança com um anime que assistiu por exemplo), e geralmente você não percebe, ou percebe mas não liga, o que é ruim, muito ruim se pretende crescer na área. Para resolver isso basta ter com quem conversar sobre seu projeto e/ou para quem mostrá-lo, de preferência alguém sincero. Outro meio de evitar o vício é produzir para diferentes gêneros, o que é bom para treinar também.

Seleção
 Você é daqueles criativos que criam muito? Se resolver sair escrevendo todas as ideias que tiver, não ai ter tempo para manter todas, obrigando a abandonar algumas e queimando o filme quanto a comprometimento. Logo esteja pronto para fazer uma seleção das ideias e invista seu tempo apenas naquelas que realmente valem a pena. Tenha paciência, ter ideias base é fácil e nada incrível, ter uma ideia base e transformá-la em algo genial é complicado, mas vale a pena.
 Trabalhar com menos ideias também é mais fácil, força uma seleção das melhores e gera um banco de ideias úteis para o futuro dos projetos ativos.

Mercado
 Dê uma olhada no mercado atual da área que quer atingir (por exemplo como andam os atuais shonens de sucesso). Isso ajuda e não custa nada, mas não precisa encucar muito com isso.

Público alvo
 Rapaz esse é importante. Assim como no mercado, estude o público que planeja atingir, mas diferente do mercado, essa parte é vital. Provavelmente vou falar disso mais pra frente (se eu esquecer me lembrem por favor), mas resumidamente, não tente, consiga agradar o público-alvo e a você mesmo.

Conhecimento
 Imagine que você teve uma ideia de fazer, por exemplo, uma história ambientada na idade média. Se você não conhecer bem a idade média o risco de cometer uma gafe é grande. Então anote o que já criou e vá estudar o assunto. É trabalhoso, mas necessário. Veja pelo lado bom, conhecer o assunto vai facilitar o desenvolvimento da história, pode gerar ideias novas e vai te deixar bem na fita.

Psicológico
 Prepare o dito cujo. Uma depressão é bem possível: várias ideias ruins surgirão. E tenha o bom senso de perceber e admitir, pois muitas ideias ruins começam disfarçadas de boas ideias.

Paciência
 É mais complicado do que parece fazer um bom roteiro. Tem que pensar em tudo que eu falar aqui e muito mais.
 Agora se quer fazer um roteiro para ser apenas mais um, nesse caso não é complicado, mas também não tem graça nenhuma.

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Criação
 Um roteiro de hq/mangá começa com a criação de uma história, que chamo de projeto, ou de uma base (~o chão em que a história pisará), que eu chamo de base. Nesse capítulo tentarei ajudar a chegar nessa história/base.
 Nessa fase do processo é importante lembrar que não existe uma fórmula mágica, e que os meios que citar aqui nem sempre funcionam, tem que achar os que dão certos para você e seguir com ele, apenas citarei os mais comuns.

Clássico
 Acomode-se confortavelmente em seu lugar feliz, deixe o papel e o lápis a postos, apague sua mente de tudo não necessário para a criação, olhe para o nada e comece a pensar. Pode ser um lugar qualquer e estar confortável apenas ajuda um bocado. Papel e lápis são recomendações minhas, pois escrever as ideias na forma de texto bonitinhas é perda de tempo, o ideal é fazer anotações com o menor número de palavras possíveis e de forma livre no papel para poder fazer setas e tabelas sem nenhum drama (coisa que um computador não consegue). Apagar a mente e olhar pro nada não são obrigatórios, mas ajudam um bocado também... e é divertido quando percebe que deu uma viajada acordado... só tome cuidado se tiver algum troll por perto.

Romântico
 Assista algum filme, pegue alguma série para acompanhar, vá bater perna sei lá onde, leia um livro ou mais provável uma hq/mangá. Sair da rotina ajuda e ver coisas novas ajuda na criação. Eu particularmente não gosto, prefiro que minhas ideias surjam fresquinhas da minha cachola sem interferências externas, mas em tempos de crise isso ajuda a destravar, fora que me entretém por tabela.

Personagem e/ou situação
 Não sei funciona, mas dá para pensar.
 Pense em um personagem e/ou uma situação peculiar e crie encima disso. Por exemplo o mundo após resolvido o apocalipse zumbi, um mocinho mudo em um romance, um mangá de esporte com
uma mulher protagonista (se existe são poucas). Tente ser o mais diferente possível, beirando o limite do possível/lógico... ou não, vai saber.

Fim
 Começar pelo fim do projeto as vezes é mais fácil. Não tem nenhum segredo aqui e não precisa plastificar o fim, pode mudar ele sem medo, só não tire o sentido da história.
 Não precisa ser o final “final”, pode ser algo bem a frente, até mesmo o meio. Só é recomendável que seja o final de algo (arco, saga, geral...), porque ter isso em mente ajuda um bocado.

Brainstorm
 Técnica onde basicamente são encontrado os problemas (história, personagem, etc), para cada problema são jogadas as ideias de solução na mesa (tanto as ideias boas quanto as ruins), trabalha em cima delas (modificando, misturando, separando, etc), terminando na escolha da melhor solução. Essa técnica é amplamente usada em praticamente todo tipo de problema em todas as áreas (não só as relacionadas a esse guia), portanto existe bastante material sobre na internet.
 Brainstorm também é muito útil para trabalhos coletivos.

Desafio
 Meu preferido para projetos sem muito compromisso.
 Simplesmente se proponha um desafio (uma história de amor, fazer o leitor chorar, algum gênero em específico, etc) e tente completá-lo, simples assim.
 Quanto mais dificultar o desafio melhor. Fugir de clichês deve ser uma regra de ouro. Criar regras adicionais ajuda também. Ser extremamente rigoroso faz milagres. E se dificultar demais, vá facilitando a medida que a paciência for indo pro brejo.
 Desafio completo, você terá a satisfação de ter completado, um projeto de qualidade e provavelmente com um conteúdo bem original.

Perguntas
 Esse eu acabei de inventar, mas pelo que tenho até agora, diria que tem tudo para dar certo.
 Segue mais ou menos a mesma linha do brainstorm, mas mais informal e com mais tentativa e erro.
 Começa escolhendo o gênero, e vai se fazendo perguntas até conseguir dar o tranco no carro.
 É mais fácil explicar com um exemplo:
 Gênero (comédia), o que eu sei de comédia? (tem que fazer rir e tem que ter um estilo definido), o que sei/quero fazer de engraçado? (piadas inteligentes), o que combinaria com piadas inteligente? (não sei), o que sei que poderia ser usado em piadas inteligentes? (roteirismo), como usar roteirismo em uma comédia inteligente? Que tipo de personagem combinaria? Qual seria sua motivação? ... nisso surge a base de um projeto, é só continuar se perguntando ou passar para outro processo de criação.

Inspiração
 Esse aqui é perigoso e dá trabalho, mas funciona também. Crie um projeto baseado em algo (ou na mistura de algos) e mexa até que esteja satisfeito com a não semelhança com o que te inspirou. Tome cuidado com plágio e com vícios.
 Uma maneira de começar é perguntar “e se...” (exemplos: e se o mocinho desse anime escolhe o caminho do mal? E se a protagonista desse romance fosse a mulher? E se o vilão ganhou a guerra?). Essa pergunta pode começar uma bola de neve que aumenta levada pela lógica apenas. Só reforçando, cuidado com plágio, vícios e fanfictions (blerg!).

Caderno dos sonhos
 Esse eu só ouvi falar, mas faz sentido. Muitas vezes acordei e não consegui dormir de novo por causa do enredo do sonho.
 Basicamente, anote seus sonhos, eles podem te inspirar a criar uma boa base de projeto.
 Para não esquecer dos sonhos (o que acontece de um modo muito ninja) quando acordar de um imediatamente pense nele e crie uma ancora dele na mente (uma piada ou momento engraçado no sonho, algo curioso que aconteceu, etc). Sentir o sonho ajuda também, fique com medo das coisas assustadoras, sofra com as tristes e de risada das engraçadas, isso ajuda a guardar o sonho através da memória da sensação (na real é mais um palpite meu).

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Continuando a base do projeto
 Teve a ideia, mas não consegue criar ou continuar a história? Está no lugar certo. Vou tentar facilitar a continuidade da base.
 Todas as técnicas que citei na criação podem ajudar aqui, logo sugiro que releia caso tenha empacado.
 Só lembrando que não precisa criar tintim por tintim do projeto duma vez. O começo é obviamente obrigatório criar, o meio é interessante saber mais ou menos o caminho, o final é apenas recomendável. Crie alguns pontos e alguns detalhes importantes, deixe para detalhar de verdade na hora de escrever, é bem mais prático e ajuda a treinar improviso, que é um fator importante também (só não improvise em detalhes muito importantes).

Paciência
 As vezes você só está apressado demais, o que é ruim. Pra criar é preciso paciência e calma se quiser fazer as coisas direito. Agora se você tem um prazo... corre rapaz!
 Outra coisa que pode estar acontecendo é você estar sendo severo demais com o projeto, o que é bom, desde que a severidade seja sincera. Um roteiro nunca vai estar perfeito, tem que saber quando parar de procurar defeitos, que é quando os defeitos não surgem com facilidade ou quando a pessoa sincera para quem mostrar não esfrega-los na sua cara. Agora se você tem um prazo, tem que ver se vale mais entregar algo que não te agrade totalmente e correr o risco de não gostarem (é bem capaz que gostem e você apenas esteja sendo duro consigo mesmo) ou ser sincero (o que é sempre uma boa opção).

Personalidade
 Tem uma base e um protagonista. Use a personalidade do protagonista para avançar na história, imagine “o que ele faria?”, “que situação seria interessante para alguém como ele?”, “como tirar uma da cara dele?”, e por ai vai.
 Tem a base, mas não o personagem. Alguém que vai contra o que está acontecendo é o pão com manteiga dos projetos, sim é básico, mas não tem erro e não é nada ruim. Fora que isso pode ser usado para dar início ao pensamento apenas (mais ou menos a mesma ideia da técnica de inspiração que falei na parte de criação).

Antagonista
 Se estiver parado na história e/ou caso ainda não tenha, crie um. O antagonista geralmente ajuda a história a progredir. Ele dá um objetivo ao protagonista, e ele tendo um objetivo fica fácil avançar.
 Dá para embutir a ideia de antagonismo em outra coisa que não um personagem. Qualquer obstáculo ou qualquer outro personagem que o protagonista tenha que ultrapassar ajuda a dar continuidade a história.

Final
 Não ia repetir os que citei na criação, mas esse vale pena.
 Pense num final do projeto/arco e trace um caminho lógico da base até ele, depois é só voltar e seguir esse caminho, dando uma floreada. Esse final pode ser mudado depois sem problemas, só lembre de que tem que fazer sentido depois.
 O contrário também vale se começou pelo fim. Um exemplo: pense na sensação que quer causar com o final e procure uma maneira de torná-la ainda mais fenomenal (por exemplo dando ao protagonista uma personalidade cuja reação necessária para gerar tal sensação seja meio contraditória a personalidade normal dele... um cientista que reza no final, e no começo ele é todo cheio de evolucionismo por exemplo).

Reviravolta
 Trilhe mentalmente o caminho do óbvio e depois quebre ele a gosto.
 Não sei se abusar demais dessa técnica é uma boa, mas criar algo muito óbvio com certeza não é, então por que não usar essa necessidade de uma reviravolta “obrigatória” para ajudar a desempacar?

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Antes de escrever
 Yay! Temos a história... ou pelo menos uma base firme dela. Agora é hora de fazer umas checagens antes de botar a mãos na massa.

Público alvo
 Antes você escolheu um alvo para ajudar na criação, mas durante o processo de criação pode ter esquecido de ficar de olho nisso, o que é absolutamente normal. Mas, de qualquer jeito, o projeto tem que estar de acordo com o público que quer ou que provavelmente vai atingir, logo refaça as pesquisas e matute se nada sai absurdamente do alvo.
 Sair um pouco da zona de conforto do alvo é interessante, só tente não fazer isso no começo (atraia primeiro, chacoalhe depois), nem de forma muito brusca (digo, se fizer sentido, pode-se pensar no caso).

Qualidade
 Pare para pensar “está realmente bom?” (ênfase no realmente) e não comece a escrever até estar contente com a história. E não seja bonzinho, cace o que não te agrade e arrume (sempre lembrando do público alvo), mas não se esqueça de ser realista também, pois se procurar demais sempre vai ter alguma coisa que não vai gostar, e você vai acabar rodando aqui infinitamente.
 Essa etapa vai ajudar a evitar que tenha que reescrever depois... por causa da história, reescrever é sempre uma opção.

Passado
 Dê uma trabalhadinha no passado dos personagens. Nem precisa escrever para outras pessoas, só ter o plano do passado em mente ajuda a deixar o personagem mais consistente e realista, fora que facilita na hora de escrever pequenas coisas (como diálogos casuais) e pode ser útil no futuro.

Presente
 Olhe o mercado mais uma vez só para conferir, mas como antes, não precisa encucar muito com isso.

Futuro
 Dê um tapa no seu ânimo, crie uma meta, bata com as mãos na mesa e grite “let’s go baby!”. Escrever por escrever é chato e não deve gerar coisas muito dignas de OMGs, então fantasie um pouco e tente não desanimar levando na brincadeira. O mercado é muito pequeno para abraçar a todos que baterem com as mãos na mesa, mas nada te impede de tentar fazer algo que o mercado iria gostar de abraçar se tivesse a oportunidade.

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Escrevendo
 Finalmente hora de botar a mão na massa. Vou tentar ajudar a formatar o texto sem influenciar demais no seu estilo, que é algo que dá para perceber facilmente nesse ponto. Logo, vou reforçar o objetivo desse guia, use o que eu escrever aqui como suplemento as suas próprias matutações, descubra/mantenha o seu estilo e apenas pense se o que eu escrever aqui pode ser ou não útil nele.

Saúde
 Quando for digitar/escrever, vá para seu lugar feliz e fique confortável nele, sua saúde mental agradecerá.
 Torne esse lugar feliz um lugar feliz pra sua coluna, joelhos e todo o resto do corpo também, sua saúde geral agradecerá.

Formalidade
 Pense no alvo e no tipo de projeto que vai fazer e ajuste a formalidade da escrita de acordo com eles. Por exemplo, dramas “só funcionam” com textos mais formais e comédias geralmente ficam melhores com ao menos um toque de informalidade.
 Só não informalize demais o texto, isso nunca é bom (passa pouco profissionalismo e pode tornar difícil a leitura).
 E principalmente, seja você mesmo, talvez um você um pouco mais formal ou um pouco mais informal no caso. Se sair muito de você mesmo o texto vai parecer falso e vai acabar achando ele estranho.

Objetivo
 Quer divulgar o projeto? Então é melhor enxugar bastante os detalhes e não florear demais para deixar a leitura mais leve e rápida possível. Textos grandes assustam a maioria dos leitores da área. Fora que o importante aqui é mais a ideia, e isso você vai passar de qualquer jeito.
 Quer arrumar um desenhista? Eu diria para fazer como no parágrafo acima, pois você vai atrair mais desenhistas com histórias boas do que com histórias detalhadas. Lembre-se que desenhistas são leitores da área também, logo podem se assustar com textos muito grandes. Fora que assim a porta da criação fica aberta para o desenhista também. Caso ele não queira isso, adicione os detalhes, ou faça a parte apenas para ele, não custa nada e ele está ali junto de você por livre e espontânea vontade, então tem que haver um respeito e trabalho em conjunto. Logo ouça a opinião do desenhista e não tenha medo de corrigir algo verdadeiramente errado.
 Se for para um Light novel ou até mesmo um livro, faça descrições breves e amplas (por exemplo algo com significados subentendidos), para não estender demais, não ficando cansativa a leitura e agilizando a progressão na história, fora que, por ser mais difícil fazer assim, vai passar um profissionalismo maior, que é importante nesses tipos de projetos.
 Se o objetivo for se divulgar como roteirista, faça da maneira como quer ficar conhecido e/ou da maneira que a área que pretende ficar famoso pede. Por exemplo, quer virar um mangaká, mas não sabe desenhar, faça os textos pensando nos seus futuros desenhistas. Dar liberdade para eles ou não (dependendo da quantidade de detalhes que descrever) vai depender do seu estilo, em ambos casos há interessados.

Idioma
 Respeite as regras de gramática e ortografia, isso vai facilitar a leitura e transmite seriedade no que está fazendo. Por mais chato que isso seja, você está “vendendo” um texto (talvez sem aspas), não respeitar essas regras seria desrespeitar seu próprio produto, todos os seus “consumidores” e até mesmo sua mãe.
 No caso de precisar quebrar essas regras (um personagem caipira por exemplo), tente fazer com que fique claro que é proposital.

Formatação
 Fontes com serifas são recomendadas para blocos de texto, a leitura fica mais fluida e rápida (Serifas são os pezinhos das fontes como a times new roman e a garamond). O motivo disso creio que seja a linha imaginária que esses pezinhos formam.
 Para o tamanho de fonte, 12 até uns 10 está de bom tamanho se for escrever um arquivo de texto. Se for colocar na internet em um fórum por exemplo, use a formatação padrão deles que já é suficiente.
 Use uma cor de texto legível (vai depender do fundo), e não use negrito no texto inteiro, não é preciso e o negrito pode ser útil caso queira destacar algum coisa em especial.

Parágrafos
 Isso é coisa minha mesmo. Crie blocos de texto separados por conteúdo por uma linha em branco (mais ou menos como nesse guia). Assim, o texto fica mais prático, caso tenha que voltar e mudar alguma coisa, mais fácil de ler (e reler) e até mais bonito, eu diria.

Falas
 Não sei porque inferno os livros não tem os nomes dos coisos que estão falando antes da fala (algo do tipo “João – eae povo”, eu já prefiro com dois pontos “João: eae povo”), é tão mais fácil e prático assim. Logo, pelo amor daquele que você acredita, coloque o nome do coiso que estiver falando antes das falas, não custa nada e fica muito melhor para ler.
 As descrições de falas eu acho que ficam melhor antes deles falarem. Faz muito mais sentido eu saber qual entonação devo imaginar ao personagem antes da fala do que depois, fora que as descrições que vem depois geralmente são algo óbvio ou não tão úteis (algo como floreamentos), o que me leva ao próximo ponto, se for muito óbvio a emoção sentida, pra que descrever? Muitas vezes dá para pegar a emoção pela fala e/ou contexto.
 Acho estranho descrever sons, mas acho que é coisa minha mesmo. Caso se identifique com essa minha esquisitice descreva os sons como se descrevesse o sentimento que dá pro gasto. Exemplos: [risos], [tosse], [bocejo], [riso sinistro], [engole a seco], [espira a bebida], etc.

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Após escrever
 Uhuu! Capítulo escrito, hora de revisar e colocar uma porção bônus de amor nele.

Erros
 Procure erros de digitação, gramatical, ortográfico, falhas na lógica, etc. Não custa nada e sempre tem aqueles danadinhos que escapam na hora de escrever.

Diálogos
 Reveja os diálogos e pare para pensar “dá para melhorar?”.
 Digo isso porque geralmente dá. É incrível a diferença entre sinônimos em uma conversa. Não sei explicar o porquê disso, mas funciona, podem confiar em mim.

Leitura
 Leia seu texto para dar uma última conferida. Já aproveita e dá uma conferida se a leitura é rápida e fácil de entender. Se não estiver rápida, reveja a formatação (blocos muito grandes de texto ficam meio difícil de ler rápido e várias linhas isoladas desaceleram a leitura). Se estiver difícil entender, não tem jeito, vai ter que olhar onde está complicado e mexer (provavelmente a solução será adicionar mais coisa no texto para explicar, mas reescrever e rever os diálogos também são opções).

Sinopse
 Pode ser feita antes também, sem problemas, só acho que faz mais sentido fazer depois que terminou o texto, não o planejamento, pois algumas coisas podem mudar enquanto escreve o texto e pode acontecer de criar uma expectativa que não vai ser “respondida” no primeiro capítulo, o que eu acho errado.
 Simplificando caso não saiba do que se trate, sinopse é um tipo de resumo que vai situar do que trata o projeto que ele vai ou não pegar para ler (logo coloque uma pitada extra de amor nela). Umas 3~4 linhas de texto deve ser suficiente, não precisa contar a história toda nela, só situar mesmo. Por exemplo a sinopse desse guia seria algo como “um guia para ajudar aspirantes a roteiristas de hq/mangá a melhorar na arte de criar, escrever e divulgar seus projetos”. Breve e objetiva, não tem segredo nenhum… mas não se enganem, isso dá uma dor de cabeça do cão pra fazer.
 Uma coisa que não gosto de ver em sinopses são perguntas, é um artifício muito fácil de usar, fora que instiga a leitura levado pela curiosidade, quando imagino que o ideal seja que a sinopse instigue pela qualidade daquilo que ela está resumindo possua.
 Procure por sinopses de filmes na internet se sentir dificuldades aqui, pode ser que ajude.

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Divulgação
 Texto finalmente pronto, agora é hora de expor para que outros possam se deleitar com a magnitude do seu projeto. Aqui entra muito o fator “seja o verdadeiro você mesmo de verdade”, então só vou dar umas dicas gerais.

Apresentação
 Não taque sua sinopse e seu roteiro lá de qualquer jeito, fale um pouco com o pessoal, se apresente se necessário e, dependendo do projeto, faça uma piadinha, só depois coloque a sinopse e o roteiro.
 Tem mistério aqui não, só escreva umas 4~5 linhas para explicar do que se trata aquilo, de forma informal e casual mesmo.

Qualidade
 A melhor forma de fazer com que leiam seus projetos é tendo bons projetos e sendo uma boa pessoa. A melhor forma de passar essas duas coisas antes que as pessoas peguem para ler o texto é pela estética, e a melhor forma de parecer uma boa pessoa antes de te conhecerem é mostrando que fez aquilo com carinho e observou os detalhes.
 Para o primeiro é só olhar a formatação e a organização da postagem. Por exemplo esse guia, (ignore o fundo… caso eu coloque um, foque só no texto) ele é agradável de se ver, não está perfeito (acho que alguns blocos de textos estão um pouco curtos), mas dá pro gasto. Se eu tivesse juntado tudo numa tábua só (como em um livro longo de poucos capítulos) ia assustar alguns leitores e ia ficar feio.
 Para o segundo é só fazer o primeiro certinho. Vai passar que teve o cuidado na hora de postar, que se importa com seu projeto e com o bem estar dos leitores. Quer coisa melhor que isso?

Reputação
 Ajuda horrores ter uma boa se quer que seus roteiros sejam lidos por prazer (o que é o correto) e não por movimentos automáticos (o que funciona, mas não é legal).
 Primeiro, faça trabalhos de qualidade. Ninguém gosta de ler projetos ruins, e se você ficar marcado como uma pessoa que faz projetos ruins, ninguém vai ler seus projetos depois de um tempo. Se não deu sorte e postou alguns projetos ruins, aprenda com os comentários negativos e mostre que evoluiu, assim eles acompanharão sua evolução.
 Ler e comentar os projetos de outros é uma boa, a pessoa vai sentir a necessidade de retribuir o comentário, fora que isso vai ajudar a construir sua reputação (tanto positiva quanto negativa, então cuidado). Eu sempre aconselho a ser sincero e objetivo nos comentários, fale do que gostou e de tudo que não gostou e os porquês. Saber se gostaram ou não do seu projeto é bom e gostoso sim, mas não te ajuda muito, a não ser no fator psicológico. Saber se gostaram ou não do seu projeto e os porquês disso é bom, gostoso, ajuda no fator psicológico e te ajuda a melhorar, logo ajude os outros a melhorar, que as chances deles fazerem o mesmo contigo aumentam. Só seja sincero e tome cuidado com como fala que vai dar tudo certo.
 Deixei o mais importante por último, não seja um chato… acho que deu pra pegar o espírito a coisa.

Fórum
 Provavelmente o melhor lugar para expor seus projetos. Procure um fórum de pessoas que estão no mesmo barco que você, se registre lá e pimbe na gorduchinha. O melhor é que você vai expor seu projeto, receber críticas bacanudas (ou não, vai muito do lugar) e fazer amigos.
 Desculpe, mas não vou passar links aqui... sei lá, acho melhor não divulgar sem permissão, e não vou pedir permissão... nem divulgar de graça.

Blog
 Crie um blog e coloque seus projetos ali, sem drama.
 A questão aqui é mais pessoal, não acho bom abrir um blog se você não conseguir manter uma regularidade bacana de postagens. Também tem o problema do visual, geralmente quem escreve não sabe desenhar, então o visual do blog vai ficar bem genérico. Mas se você dá conta disso, ou resolveu ignorar isso, um blog é uma boa opção no final das contas.

Redes sociais
 Esse aqui eu não uso, então vou só chutar mesmo.
 Creio que textos muito grandes e redes sociais não combinem. Então se for postar seu projeto numa poste apenas a sinopse e um link para algum arquivo online (não para o download do arquivo por favor) ou para o post com o texto no seu blog.
 Não ficar enchendo as pessoas é uma boa também, sua reputação irá pro buraco se ficar fazendo isso. Logo tenha paciência, se não for para ser naquele momento não vai ser, espere um bom tempo antes de tentar de novo, ou faça um capítulo 2 e poste ignorando a tudo e a todos.

E-mail
 Esquece isso, pelo menos até receber muitas críticas positivas sinceras e ter um senhor projeto em mãos. Nesse caso dá para pensar em enviar o projeto por e-mail para pessoas específicas por e-mail em uma etapa mais avançada do processo, por exemplo, para um desenhista ou um editor profissional.
 A lógica manda que seja formal, mas para sugerir algo diferente disso, eu digo para ser você mesmo, mas se for o caso, você mesmo om um toque a mais de educação. Formalidade demais me enche o saco e ninguém é formal naturalmente, logo sempre que vejo um texto formal imagino que a pessoa está mentindo para o leitor e para ela mesma. É só ter bom senso e não sair escrevendo com abreviações de internet ou usando emoticons e respeitando sempre as tias gramáticas e ortografia (a forma como escrevo esse guia pode ser tomada como exemplo).
 Para o e-mail em si: coloque algo objetivo e específico no assunto (nada de “avalia meu roteiro por favor”, algo mais puxado para por exemplo “(nome do projeto) - (estilo/alvo)” se for um editor é suficiente para entender do que se trata)se apresente no e-mail, conte um pouco de como teve a ideia, conte como recebeu criticas positivas, coloque a sinopse no corpo do e-mail, o roteiro em si anexa em um arquivo de texto (ou pdf se ficar com medo de roubarem) ou põe o link para o arquivo online e/ou post no blog (tópico de fórum não tenho tanta certeza, por um lado é bom, pois ele poderá ver os comentários que recebeu, por outro lado me parece nada profissional fazer isso), fale um pouco mais do projeto, agradeça, se despeça e coloque mais formas de contato (opcional).
 E os pontos mais importantes, paciência (a resposta vai demorar um milênio até mesmo se vier no dia seguinte) e não torre a paciência da pessoa, se ela não quiser responder, mandar mais uma vez em um curto período de tempo só vai diminuir as chances.

Guia Kenzo – Capítulo 1 e one-shot

 O primeiro capítulo de qualquer coisa sempre tem um “q” especial, um “je ne sais quoi” que o torna espetacular. É fácil deduzir o porquê disso (investimento maior para atrair, cuidado maior pela falta de prazo, marketing/publicidade, fatores psicológicos sobre a novidade, etc), mas como trazer essa dedução para o seu projeto? É fácil deduzir também, mas tenho que falar sobre alguma coisa nesse guia não é?

 Mas antes tenho que lembrar, esse guia é apenas uma lista das minhas matutações sem nenhum fundamento acadêmico, use o que ler para complementar suas próprias matutações e alcançar teorias que concordem ou não com o que tiver aqui.

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 Criação
 “Tenho o projeto todo pensado, mas não sei como começar”, não se preocupe, darei alguns exemplos de como começar aqui e agora.

 Apresentação
 Um primeiro capítulo é uma apresentação do projeto, coloque isso na cabeça. Não é apenas o começo do mesmo, não é uma vitrine para poderes fodônicos sem uma boa explicação para atrair leitores. Um capítulo 1 é centrado na história com efeitos especiais para acompanhar.

 Flashback
 Deve ser coisa minha, mas não suporto a ideia de um flashback no capítulo 1. Sei lá, acho bizarro precisar mostrar o passado do seu projeto sendo que ele mal começou.
 Caso tenha que fazer isso, pense no caso de transformar esse flashback no presente, começando imediatamente com ele, seguido de um pulo no tempo para o que seria o presente (por exemplo começando mostrando a infância e, em seguida, aquela já criança adulta).
 Eu evitaria isso do mesmo jeito, acredito que é possível apresentar um personagem adulto com traumas no passado sem apelar para mostrar o passado.

 Protagonista
 Imagino que 90% dos mangás/hqs comecem apresentando o protagonista, só que por apresentar eu quero dizer apresentar mesmo, não apenas mostrar de onde ele é e o que ele faz, sim apresentar sua ideologia, seus sonhos, sua personalidade em diferentes situações e/ou uma porrada de outras coisas. Logo uma maneira fácil de se iniciar um projeto é tacando o protagonista em uma situação que vai força-lo a mostrar suas diferentes faces e habilidades (de preferência uma situação que comece e termine no mesmo capítulo).

 Situação
 Se seu projeto está situado no meio de uma situação (apocalipse, zumbis, guerra, etc), uma maneira de começar é contando, sem muito detalhamento, como o mundo chegou nessa situação. Melhor ainda é contar como é o cotidiano dos personagens centrais no primeiro capítulo e linkar o final dele com a saída desse cotidiano, só não queime o capítulo inteiro com o cotidiano e jogue na situação que os tira delas de maneira corrida/incompleta no final, tente homogeneizar um no outro deixando um pouco do cotidiano puro no começo e um pouco da quebra dele pura no final.

 Meio
 Começar pelo meio é um pouco complicado, mas pode gerar algo muito bom se casar com o tema. Por exemplo, um mistério que começa no meio e as “evidencias para o leitor” vão sendo mostradas no decorrer do projeto via flashbacks ou coisa do tipo.
 Para começar no meio, é preciso pensar no que aconteceu antes desse meio, para poder criar algo que faça sentido. Pegue essa informação que tem de antes do meio e encaixe a lógica no primeiro capítulo, para o leitor sentir que teve um plano desde quando começou o projeto.
 Tente não deixar confuso demais (um pouco pelo menos provavelmente vai ficar) e não se esqueça que capítulo um é mais uma apresentação de projeto do que um começo de um (logo mesmo se começar pelo meio não vai escapar de ter que apresentar o universo do projeto).

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 Antes de escrever
 Estou supondo que já tenha um projeto esquematizado, o plano de como será o primeiro capítulo e que só não começou a escrever ainda.

 O que?
 Do que se trata o seu projeto? Isso tem que ficar claro logo no primeiro capítulo, e de preferência de um modo bacana. Então encontre tudo o que tem/quer mostrar do seu projeto, liste e coloque em sua cabeça que aquilo tem que aparecer no primeiro capítulo (mesmo que bem discretamente). O primeiro capítulo pode ser maior que os demais, sem problema (só tente não estender demais, tente ficar abaixo do tamanho de dois capítulos normais), então é fácil encaixar tudo, mas se mesmo assim não conseguir, reveja a lista e veja o que realmente é necessário para entendermos o universo e sobre o que vai se tratar o projeto e retire os itens supérfluos, ou você pode colocar esses de maneiras discretas apenas citando/mostrando que existem, deixando explicações para quando for mais conveniente.

 Apresentação
 Veja se vai conseguir apresentar bem o universo e os personagens com esse plano que montou para o primeiro capítulo. Tente ser discreto aqui, pois é muito feio ver duas pessoas que se conhecem a anos falando quem elas são e o que fazem. Uma dica é apresentar sem apresentar, por exemplo o personagem pode estar fazendo o que costuma fazer enquanto conversa sobre outra coisa não relacionada.

 Novelas
 Como nas novelas... que eu não assisto... o primeiro capítulo costuma ser algo espetacular, por causa do investimento maior para atrair o público, depois ela cai na rotina. Logo, invista mais do seu tempo de planejamento para tornar a história do primeiro capítulo algo espetacular, para dar aquela sensação de “eu tenho que acompanhar a jornada desse coiso”.

 Fim
 Eu acho que um primeiro capítulo grita por um fim, então matute a respeito de pôr um no seu. Por fim eu quero dizer, feche a situação que criou para o primeiro capítulo e pode deixar um gancho para o próximo no final, se parecer necessário. Por se parecer necessário eu quero dizer, se não parecer necessário não coloque um gancho, geralmente o fim da situação já é um gancho bem estiloso e com cara de primeiro capítulo (lembre-se, capítulo 1 não é uma parte da série de capítulos, é a apresentação da base de todas as séries desse projeto... a motivação de todos eles para ser mais claro).

 Sensações
 Tente passar ao menos um pouco de todas as sensações que o leitor for ter ao acompanhar a série, para não parecer que mudou de ideia e colocou, por exemplo, drama na mistura quando foi conveniente.
 O mesmo vale para a ação, se tem ação na série tente colocar ao menos um pouco no primeiro capítulo, só não exagere demais, pois se só tiver ação aqui o leitor vai esperar só ação nos capítulos seguintes ou vão se decepcionar quando a coisa esfriar (o que vai acontecer a menos que seu projeto não tenha história alguma).

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 Escrevendo
 Yuhuu! Já tem a história do primeiro capítulo bonitinha na cabeça, hora de botar as mãos nas teclas e botar pra quebrar!
 Eu recomendo que leiam a parte “escrevendo” do guia principal, lá dei dicas gerais a respeito dessa parte. Listarei aqui apenas alguns erros que imagino que possam acontecer com relação ao tema desse anexo.

 Narração em primeira pessoa
 Parece uma boa ideia fazer isso (principalmente no capítulo 1) ... e pode até ser se fizer direito e continuar fazendo durante todo o projeto. Só não use esse recurso apenas para facilitar a escrita/narrativa, é um recurso barato e muito óbvio que é um recurso para facilitar a vida do roteirista.
 Se ainda assim pretende usar isso, tente deixar claro que existe um motivo maior para isso, por exemplo, aprofundar mais na mente do narrador, mostrar o ponto de vista oculto dele, explicar algo que não dá pra transmitir com falas/expressões/contexto (só não pense que o leitor é burro) ... sei lá, só tenha um motivo que não seja barato.

 Descrição
 É o primeiro capítulo, logo tudo é novo para o leitor, logo muitas descrições parecerão necessárias. Uma solução caso precise descrever o visual dos personagens é fazer como esse guia, criar um arquivo a parte para descrever os personagens. Outra solução (a que uso) é deixar o leitor criar a própria imagem do personagem na cabeça dele baseado nas falas e ações, livre de descrições prontas e, muitas vezes, desnecessárias para o entendimento do projeto.
 Caso pense em descrever o universo em um documento a parte, esqueça essa ideia. Imagine seu projeto desenhado e impresso bonitinho pronto para ser lido. O leitor vai lá abre e antes do primeiro capítulo tem lá uma tábua de texto explicando algo que ele precisa saber para começar a ler o capítulo 1, horrível. Imagine também ler o primeiro capítulo e não entender quase nada porque não teve um texto explicando, mais horrível ainda. Se parecer não ter outra solução volte a fase de criação do plano do primeiro capítulo e tente de novo. Tente achar um jeito sutil de só apresentar algo que “tinha” que explicar e só apresente durante o capítulo, deixando explicações mais profundas para quando for mais conveniente. Veja se não explicar influencia na história também, por exemplo, não preciso mostrar como começou o apocalipse zumbi para entender que a história se passa no meio de um.

 Narração capenga
 Já vi alguns desses e me sinto obrigado a falar.
 Não comece com narrações como “meu nome é **** e minha vida é assim” ou “sou assim porque”, muito menos com “tudo começou...”. “Era uma vez” até que vai... em uma comédia... ou conto de fadas.

Guia Kenzo – Capítulo 1 e one-shot

 O primeiro capítulo de qualquer coisa sempre tem um “q” especial, um “je ne sais quoi” que o torna espetacular. É fácil deduzir o porquê disso (investimento maior para atrair, cuidado maior pela falta de prazo, marketing/publicidade, fatores psicológicos sobre a novidade, etc), mas como trazer essa dedução para o seu projeto? É fácil deduzir também, mas tenho que falar sobre alguma coisa nesse guia não é?

 Mas antes tenho que lembrar, esse guia é apenas uma lista das minhas matutações sem nenhum fundamento acadêmico, use o que ler para complementar suas próprias matutações e alcançar teorias que concordem ou não com o que tiver aqui.

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 Criação
 “Tenho o projeto todo pensado, mas não sei como começar”, não se preocupe, darei alguns exemplos de como começar aqui e agora.

 Apresentação
 Um primeiro capítulo é uma apresentação do projeto, coloque isso na cabeça. Não é apenas o começo do mesmo, não é uma vitrine para poderes fodonicos sem uma boa explicação para atrair leitores. Um capítulo 1 é centrado na história com efeitos especiais para acompanhar.

 Protagonista
 Imagino que 90% dos mangás/hqs comecem apresentando o protagonista, só que por apresentar eu quero dizer apresentar mesmo, não apenas mostrar de onde ele é e o que ele faz, sim apresentar sua ideologia, seus sonhos, sua personalidade em diferentes situações e/ou uma porrada de outras coisas. Logo uma maneira fácil de se iniciar um projeto é tacando o protagonista em uma situação que vai força-lo a mostrar suas diferentes faces e habilidades (de preferência uma situação que comece e termine no mesmo capítulo).

 Situação
 Se seu projeto está situado no meio de uma situação (apocalipse, zumbis, guerra, etc), uma maneira de começar é contando, sem muito detalhamento, como o mundo chegou nessa situação. Melhor ainda é contar como é o cotidiano dos personagens centrais no primeiro capítulo e linkar o final dele com a saída desse cotidiano, só não queime o capítulo inteiro com o cotidiano e jogue na situação que os tira delas de maneira corrida/incompleta no final, tente homogeneizar um no outro deixando um pouco do cotidiano puro no começo e um pouco da quebra dele pura no final.

 Meio
 Começar pelo meio é um pouco complicado, mas pode gerar algo muito bom se casar com o tema. Por exemplo, um mistério que começa no meio e as “evidencias para o leitor” vão sendo mostradas no decorrer do projeto via flashbacks ou coisa do tipo.
 Para começar no meio, é preciso pensar no que aconteceu antes desse meio, para poder criar algo que faça sentido. Pegue essa informação que tem de antes do meio e encaixe a lógica no primeiro capítulo, para o leitor sentir que teve um plano desde quando começou o projeto.
 Tente não deixar confuso demais (um pouco pelo menos provavelmente vai ficar) e não se esqueça que capítulo um é mais uma apresentação de projeto do que um começo de um (logo mesmo se começar pelo meio não vai escapar de ter que apresentar o universo do projeto).

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 Antes de escrever
 Estou supondo que já tenha um projeto esquematizado, o plano de como será o primeiro capítulo e que só não começou a escrever ainda.

 O que?
 Do que se trata o seu projeto? Isso tem que ficar claro logo no primeiro capítulo, e de preferência de um modo bacana. Então encontre tudo o que tem/quer mostrar do seu projeto, liste e coloque em sua cabeça que aquilo tem que aparecer no primeiro capítulo (mesmo que bem discretamente). O primeiro capítulo pode ser maior que os demais, sem problema (só tente não estender demais, tente ficar abaixo do tamanho de dois capítulos normais), então é fácil encaixar tudo, mas se mesmo assim não conseguir, reveja a lista e veja o que realmente é necessário para entendermos o universo e sobre o que vai se tratar o projeto e retire os itens supérfluos, ou você pode colocar esses de maneiras discretas apenas citando/mostrando que existem, deixando explicações para quando for mais conveniente.